O que é? Para que serve?


A idéia desse blog surgiu quando voltei da viagem ao deserto do Atacama, em Janeiro de 2011. Desde o fim de 2009 fiz postagens no cdfmoto.blogspot.com, criado e utilizado pela Ju e Toni. Como as nossas postagens começaram a ficar 'embaralhadas', optei por compilar os meus também para cá e, quem sabe começar a acrescentar algo mais...

Para que serve? Além de ser um depósito para os meus escritos, a intenção é que sirva para mais alguém curtir e até como fonte de informação para quem for viajar por esses caminhos. De moto ou não.

Machu Picchu - Dezembro 2011/Janeiro 2012

23/12/11 - 1o dia - Londrina/PR a São Gabriel do Oeste/MS - 760 km.


Saí de Londrina pouco depois das 7 da manhã.



Tempo bom, mas um calor apocalíptico. Devo ter enfrentado uns 37 graus...
A primeira parada foi em Presidente Epitácio (255 km) para abastecer, inclusive o estômago. Até próximo de Presidente Prudente a estrada é pista simples e com muitos remendos. Depois, na Raposo Tavares, pista dupla na maior parte do trecho e asfalto bonzinho... mas, como quase todas as estradas de São Paulo (e do Paraná também): pedágios (2)! A ponte que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul está em obras e  tive que esperar quase meia hora para liberarem a passagem.





A estrada (BR) está novinha e em ótimas condições. Bem melhores do que as do Paraná, que cobram pedágio há 15 anos. Retas, sem grandes subidas e descidas e hoje estavam com pouco movimento.


De um trecho em diante, mais precisamente da entrada para Nova Andradina (trecho onde passei pela última vez há mais de 30 anos), tudo será novidade para mim, já que nunca andei por aqui.



Mais 255 km e parei no posto Jumbo, em Nova Alvorada do Sul, para novo abastecimento e almoço. Restaurante com ar condicionado... Delícia!
Daí em diante o movimento aumentou muito até Campo Grande, diminuindo (só um pouco) quando entrei em direção à Cuiabá, destino de amanhã.



Mais 250 km e cheguei em São Gabriel do Oeste, onde dormirei. Hotel Zen Brasil. Novinho, perfumado, ar condicionado, ótima ducha, internet, garagem fechada, atendimento simpático, café da manhã, etc. Tudo por R$ 60, dá para acreditar?
A moto está fazendo pouco mais de 22 km/L. Esperava mais. Estou andando entre 100 e 120 km/h, mas ela está com os alforges. Talvez isso seja a causa do consumo maior.
Apesar da paisagem mudar conforme a região, só se vê pasto, soja, cana e eucalipto. Nada mais.




24/12/11 - 2o dia - São Gabriel do Oeste/MS a Cuaibá/MT - 580 km, 1.340 km até agora.


Após o ótimo café da manhã no hotel Zen Brasil (ainda não acredito na diária de R$ 60,00), saí as 7 hs. (horário local) de São Gabriel, após abastecer num posto Texaco, ao lado do hotel. Garantiram que a gasolina aditivada era da boa... sei. Entrou na reserva com pouco mais de 260 km, ou seja, fez 20 km/L.
No começo do trajeto quase tudo era soja. Um mar de soja e um pouco (bem pouco) de milho também. Até avião (no círculo vermelho) fazendo aplicação eu vi.

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De Coxim (abaixo) em diante os pastos voltam a aparecer e também um pouco de mata.


Próxima Sonora tudo virou um mar de cana-de-açúcar.


Logo depois parei para ‘aliviar` o traseiro (já estava começando a formigar). Por falar nisso, até agora sem dores significativas nas costas, pescoço, etc.


No meio do caminho, com medo da gasolina não dar para chegar até Rondonópolis, parei para abastecer num posto bem furreba, daqueles de banheiros imundos. Encarei um empanado de frango e um croquete de carne e massa de mandioca. Muito bons, mas deu um medo... Ai que medo também da gasolina... Mas, no fim, a moto foi entrar na reserva de novo dentro de Cuiabá, depois de 295 km. Ou seja, devia ser da boa, pois voltamos para os mais de 22 km/L.
Divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e Rondonópolis.




E dá-lhe plantio de soja (atrasado).


Chegando em Cuiabá passei ao lado de duas chuvas, recebendo até uns pingos. Uma delas era lá pelos lados da Chapada dos Guimarães.


Uma das coisas que mais gosto em viagens é ver lugares novos. E até agora é uma novidade atrás da outra. Hoje o que mais me chamou a atenção foram os casais de araras voando ao longo da rodovia. Vários. Não consegui fotografar nenhum, mas vai aí abaixo uma imagem da internet. Outra coisa que me chamou muito a atenção, desde ontem, são os animais mortos por atropelamento: tamanduás, pacas, anta, capivara, cachorro do mato, etc. E uma infinidade de tatus, muitos mesmo.


Amanhã fico por aqui e na 2ª cedinho sigo para Vilhena, em Rondônia. É isso aí. Espero que todos recebam um papai Noel de saco bem cheio.




26/12/11 - 4o dia - Cuaibá/MT a Vilhena/RO - 760 km, 2.100 km até agora.
Saí 6 e meia de Cuiabá, para tentar fugir do calor que já estava pegando. Abasteci na saída de Várzea Grande e já fiquei animado com o asfalto: novinho! Foi assim por boa parte do caminho. Onde não era novo estava em muito bom estado. 



Optei por ir pela BR 174. A distância é praticamente a mesma do que pela BR 364, mas há mais recursos disponíveis. O trajeto é quase todo plano e reto. Poucas curvas e bem abertas.  O que parecia inicialmente uma neblina era, na verdade, fumaça de queimadas extemporâneas. 



De vez em quando aparece um trecho de serra, mas bem tranqüilo. Também não havia muito trânsito, acredito que por ser a época das festas de fim de ano e porque a safra já foi plantada, mas ainda não colhida. Se bem que, até Comodoro, só havia pasto (e bem mal cuidado, por sinal).



Algumas poucas propriedades tinham aparência de realmente produtivas. De lá em diante a soja aparece forte de novo, e o que achei bastante interessante é que só do lado esquerdo da pista. Do outro lado só vegetação nativa. Interessante também é quando começa a aparecer a transição entre a vegetação de cerrado e a Amazônia.



Sofri pouco com o calor afinal. O tempo estava nublado na maior parte do caminho e peguei também umas pancadas de chuva. Foi bom para refrescar, limpar um pouco a roupa da fumaça, poeira e insetos. Também aproveitei para testar usar luvas de borracha (destas de lavar louças) e minhas novas botas impermeáveis. A luva deu certo. A bota também (a água entra e não sai... hahaha).


Em Vilhena fiquei no hotel Santa Rosa, perto de um Shopping em fase final de construção (Park Shopping Vilhena) e da rodoviária.


Li sobre este hotel num blog, mas não gostei. R$ 50,00, com ar condicionado, internet, café da manhã, etc. Mas tudo velho, fedido... até um bicho barbeiro encontrei no quarto. Veneno nele!!! Já devo ter comido alguns (junto com açaí ou caldo de cana), mas é a primeira vez que dou de cara com um vivo. A foto está desfocada, mas é o próprio.



A moto vai muito bem, obrigado. Até agora a média é de 22 km/L. O único problema 'técnico' que tive foi com a minha roupa. Depois de 2 dias de uma comilança desenfreada em Cuiabá, na casa da cunhada, quase não entrei na calça... Em Cuiabá conversei bastante com a Armando - o 'Véio' - que fez esse roteiro em Fevereiro e deu boas dicas. Amanhã encaro mais 700 km até Porto Velho.



27/12/11 - 5o dia – Vilhena a Porto Velho/RO - 710 km, 2.810 até agora.

De novo consegui sair as 6 e meia da manhã, mas como aqui são duas horas a menos do que em Londrina... ficou fácil.


Estava fresco e depois ainda apareceu uma névoa, quase um ‘fog’ londrino.


De cara a estrada estava boa, não tanto quanto no Mato Grosso, mas foi só para enganar. Conforme fui avançando o asfalto foi desaparecendo e os buracos surgindo, cada vez mais. Os carros, caminhões, etc., tinham que andar ziguezagueando. Vi até carro com pneu estourado por conta de buracos. Também o trânsito foi aumentando, cada vez mais.


De certa forma a paisagem lembra um pouco o norte do Paraná. O ‘jeitão’ da vegetação, o relevo suavemente ondulado – com estradas com algumas curvas e subidas e descidas, no entanto, sem exageros. Também me lembram o norte do Paraná as rodovias cortando as cidades, muitas cidades, e AS CENTENAS DE LOMBADAS!!!


Mas os trechos de reta e plano também são significativos. 


Como já escrevi antes amo observar a mudança da paisagem. Hoje teve soja (será que já chegou ao Acre também?), pasto e até garimpo a céu aberto.




Sem dúvida, por conta do calor, trânsito, buracos, etc., hoje foi o dia mais cansativo até agora. Levei 9 horas e meia para andar o trecho. Parei para reforço do café da manhã (broa de milho e café com leite) em Presidente Médici e almoço (arroz, feijão, salada, peixe frito, ovo e farofa) em Ariquemes.



Chegando em Porto Velho, antes de caçar um hotel, fui dar uma olhada na balsa que atravessa o rio Madeira em direção ao Amazonas (logo a ponte estará pronta, santo PAC da dona Dilma...) e na parte ‘histórica’ da cidade, principalmente a ferrovia Madeira-Mamoré. Achei aparentemente tudo meio sujinho, fraquinho, etc. Mas é muito pouco tempo aqui para afirmar qualquer coisa. Faltou um guia aqui. O meu amigo Carlos Bennesby não estava por aqui. Aliás, não estou encontrando ninguém em casa. Em Cuiabá também perdi a oportunidade de conhecer pessoalmente o Sérgião. 












Fiquei no Novo Hotel. R$ 100,00, com café da manhã, ar condicionado, wifi, etc. Fraquinho também, como o hotel de Vilhena, mas pelo dobro do preço. Coisas de capital de Estado.... Não consigo esquecer do hotel Zen Brasil, em São Gabriel do Oeste/MS. 
Saí para comer: frango, baião de dois, macaxera, farofa e vinagrete. Depois ainda encarei um açaí na tigela, com frutas e etc. Amanhã não entro na roupa...
Sigo amanhã para Rio Branco, no Acre. São uns 500 km. A Inha chega de noite e na 5ª entramos no Peru (no sentido internacional, bem entendido).



28/12/11 - 6o dia – Porto Velho/RO a Rio Branco/AC - 510 km, 3.320 até agora.


Continuando no ritmo de sair cedo, peguei a estrada antes das 7 da manhã. E, de cara, uma neblininha. Pouco calor, pois o tempo estava nublado na maior parte do caminho.


Se ontem o trecho Vilhena Porto Velho estava feio, esperava o pior para hoje. Que nada! Asfalto novo ou em muito bom estado.


Justiça seja feita: tinha trechos com buracos e remendos também, além de algumas obras.


A topografia é mais plana do que vi ontem e com longas retas.


A construção das linhas de transmissão da Hidrelétrica de Jirau está a todo vapor.


Desmatamento também é fácil de ver.


Hoje foi só pasto e, já no Acre, algumas pequenas lavouras de milho.


No caminho há algumas recordações da antiga ferrovia Madeira Mamoré.


Teve também uma balsa, no rio Madeira.




Ah! Pouca gente sabe, mas essa rodovia (BR 364) entra uns 8 km no Estado do Amazonas.


Toquei quase direto, só parei para abastecer, xixi e um suco.
Se achei Porto Velho feio e sujo, imaginava que Rio Branco seria pior. Errei de novo. É muito arrumada, bem conservada e os pontos históricos bem valorizados e preservados. Se Rondônia é um Estado relativamente novo (das décadas de 70 e 80), aqui a história é outra, bem mais antiga e gloriosa. Por falar nisso, hoje Rio Branco completa 129 anos.










Estamos no Hotel Guapindaia Praça (bom, R$ 165 a diária de casal), cujo dono tem uma F800GS e vai daqui uns dia para Arequipa ver a passagem do Rally Paris Dakar. Almojantei um espaguete à bolonhesa as 6 da tarde. Aproveitei o tempo livre para preparar a moto para 2 passageiros a partir de amanhã.
A Inha chega agora à noite e amanhã cedo sairemos para o Peru. 



29/12/11 - 7o dia – Rio Branco/AC até Puerto Maldonado/Peru - 560 km, 3.880 até agora.


Apesar do dia ter começado bem, terminou com um daqueles em que nos arrependemos de ter tido a genial ideia de fazer alguma coisa diferente. Sabe aqueles momentos em que se pergunta: o que é que estou fazendo aqui?
Saímos cedo, como de costume, e a boa impressão de Rio Branco permanece. Logo de cara um asfalto em muito bom estado e as cidades por onde passamos, na sua maioria, bem arrumadinhas.


A paisagem não mudou muito (pasto), só que com muitas propriedades bem cuidadas.


Ah! Apareceu um canavial também, com uma usina em anexo.


E também um seringal.



Apesar de o trecho ser na maior parte de retas, muitas curvas suaves e relevo ondulado também predominam, intensificando quando nos aproximamos da fronteira. Antes da fronteira uma ponte com o piso ainda de madeira...



Na fronteira o trâmite foi rápido e simples. Ainda no território brasileiro é necessário anotar a saída na Polícia Federal (te dão um papel para apresentar no retorno). Depois, já no Peru, primeiro faz-se a imigração (mais um papel para guardar e apresentar na saída) e depois, na Aduana, se registra o veículo. Outro papel. Para isso é necessário Xerox do passaporte, CNH, documento do veículo e do papel que te deram na imigração. O Xerox se faz ali em frente mesmo (mais um papel para guardar até a saída). Também pode-se (e deve-se) aproveitar para trocar dinheiro. O câmbio foi de 1 real = 1,20 nuevos soles. Há um mês estava 1,40... desvalorização do nosso dinheiro...
Obs: Em Cuzco o câmbio foi melhor, 1 real = 1,3 nuevos soles.





Almoçamos um tipo de risoto por ali mesmo e já aproveitamos para tomar uma cerveza cusquena (muy buena) e tomar sorvete de lucuma, ótimas indicações da Fátima e do Amador. Até aí, apesar do calor, estava tudo bem. Já havíamos percorrido 2/3 do trajeto.



Agora, daí para frente... Juro que se eu soubesse a quantidade de lombadas (centenas, sem exagero) não teria feito essa viagem.


Tudo bem, talvez esteja fazendo drama (quem me conhece sabe que eu quase não faço isso), mas foi realmente de acabar com qualquer ânimo. Desnecessário, para dizer o mínimo. A viagem não rendia, a bunda doía, etc. O asfalto é bom, recente, e há muitas pontes novas. Cabras na pista são comuns e logo, logo, pedágios estarão em funcionamento.










Também é comum ver atividades relativas à extração de madeira da floresta.




Em alguns trechos a floresta ainda se aproxima da pista.




Chegando em Puerto Maldonado a ponte (última em entrar em funcionamento, há pouco mais de um mês) é atração até para os nativos. 








Chegamos podres (eu, pelo menos). Viajar em 2 numa moto, definitivamente, não é uma boa idéia. Já me jurei mais de mil vezes não fazer mais isso e sempre acabo caindo em pecado... Convenci a Inha a tirar a carteira de motociclista, ela já tem até a sua moto, mas volta e meia estamos os dois sofrendo montados na mesma moto... Para trajetos curtos até vá lá. Mas para viagens longas é ruim demais. Ainda temos mais três longos dias de estrada. Vamos ver se ficamos inteiros.
Fomos direto para o Hotel Pueblo Verde, também indicação do Amador. 180 nuevos soles para o casal (uns 80 dólares). Ar, frigobar, wireless, etc. Apesar de estar indicado no GPS, não foi fácil achar, pois nem placa com o nome tem.
Aliás, Puerto Maldonado é bem mal ajambrado. Lixo e entulho nas calçadas, lama por todos os lados, trânsito bagunçado, motos e tuc-tucs avançam em sua direção, etc. Tentamos ir a um mercado comprar frutas, mas desistimos no meio do caminho. Comemos ½ pollo (frango) assado, mais cervezas, e cama.
Amanhã Cuzco. 


30/12/11 - 8o dia – Puerto Maldonado hasta Cuzco - 490 km, 4.370 até agora.


Na saída (7:30 hs) a impressão sobre Puerto Maldonado não mudou...


A estrada é plana e na maior parte reta até Santa Rosa.


Será que vai ter lombadas? Centenas!!! Até cachorros as usam para descansar.


Animais na pista continuam sendo uma constante, só que agora maiores...




Um pouco antes de Santa Rosa havia na beirada da estrada uma série do que pareciam ser acampamentos de garimpeiros. A mata em volta estava completamente devastada.




Logo depois começou a chover, finalmente me fazendo entender porque tanta gente disse que essa era uma época de muitas chuvas por aqui... e foi assim até perto de Cuzco.


Chegando a Santa Rosa começaram as curvas que só foram acabar próximo a Cuzco. Imagino que algo próximo a uns 300 km. Em alguns trechos era de fazer a Serra do Rio Rastro/SC parecer brinquedo de criança. A paisagem é linda, sem dúvida, pena que com chuva e neblina não foi possível apreciá-la em sua plenitude.








O Tatu (Marcos Bevenutto) me disse que uns conhecidos dele estiveram rodando por aqui recentemente e que caíram num local onde tem que passar por sobre a água. Eu estranhei, pois pelo que sabia não havia mais cruzamentos por água, já que todas as pontes estavam prontas. No entanto, vimos várias vezes que a água vinda das montanhas, de fato, passa por sobre a pista. Acho até que sei onde eles caíram. Entre Puerto Maldonado e Cuzco há vários desses locais e num deles, cuja superfície é puro limo, havia várias marcas no chão, típicas de motos quando caem. Esse local é logo depois de uma curva e não há qualquer aviso de perigo. Não caímos, mas ‘sambamos’. Foi pura sorte.





Como Puerto Maldonado é quente, deixamos para colocar as roupas de frio quando começássemos a subir a cordilheira. Mas, como não se percebe exatamente aonde é o começo da subida, e não há muitos lugares ‘decentes’ para parar, fomos andando, andando... Molhados, com frio, mas suportando. A certa altura havia uma barraca (de lona mesmo) vendendo trutas fritas. Aproveitando que havia parado um pouco a chuva,  paramos para comer e colocar as roupas. Perguntei a altitude, imaginando uns 2.000 metros, e estávamos a 4.500!!! Ou seja, quase no topo (4.725m). Por isso tanto frio (aquilo que o meu dedo está apontando é gelo...).








Descemos, subimos de novo, e depois já se ‘desce’ em direção a Cuzco, que fica a uns 3.500 metros de altitude.




Em Cuzco a entrada é feinha também, o trânsito é caótico, todo mundo buzinando, guardas apitando, não há aonde estacionar, etc. Quem vier de carro ou moto é bom estar de espírito preparado.




Estamos no Hotel San Agustin El Dorado, bem próximo à Plaza de Armas, região da muvuca turística. O hotel é bem bom (mais ou menos uns 100 dólares a diária de casal), ótimo café da manhã, bom atendimento, etc., mas não tem garagem. Eu já sabia disso e com a indicação deles achei um estacionamento relativamente próximo.

Tive que sair correndo para comprar o passeio para Matchu Picchu, pois o fim de ano quase acabou com as vagas. Vamos para lá amanhã (dia de ano). Hoje faremos um tour por alguns sítios arqueológicos e dia 02 ainda estamos sem programação. Certamente algum(ns) outro(s) passeio(s).




31/12/11 e 01/01/12 - 9o e 10o dias – Cuzco e Machu Picchu:

Espero que todos(as) vocês tenham entrado muito bem em 2012 e saiam melhor ainda. Agradeço e retribuo todas as mensagens de feliz ano novo recebidas.


Peço desculpas por não fazer a postagem de ontem, mas foram dias corridos demais.

Em Cuzco há muito que se ver e fazer. Como só conseguimos agendar o passeio a Machu Picchu para hoje, dia 1o, optamos por fazer um passeio a 4 sítios arqueológicos Incas ontem a tarde (20 nuevos soles, uns 15 reais).





E, na parte da manhã, conhecer um pouco dos arredores da parte histórica da cidade, assim como um enorme mercado municipal. 






Conhecemos a Camila, de São Paulo, que se tornou a nossa companheira deste dia e também da passagem de ano novo. A noite jantamos Cuy al Horno, um misto de rato e coelho, que é uma iguaria típica daqui. 




A virada do ano passamos na Plaza de Armas, completamente abarrotada de gente. Tocaram até Michel Teló. Quase colocamos o Cuy para fora... 
Dormimos somente duas horas e as 3 saímos para Machu Picchu.




Este passeio, dependendo principalmente das opções de trens, custa perto de 200 dólares por cabeça e inclui transfer do hotel até Ollantaytambo (cidade de onde sai o trem), o trem, transfer de Aguas Calientes (cidade onde o trem pára) até o parque, a entrada nele, guia e todo o retorno. Com sorte nos horários e intervalos entre as conexões, gasta-se pelo menos umas 4 horas para chegar até lá. E mais o mesmo tanto para voltar. Com sorte, repito. Nós levamos umas 6 horas em cada sentido.


De Machu Picchu em si não vou falar pois é desnecessário para quem já viu e, por mais que escrevesse, não faria jus para quem não conhece ainda. O passeio básico, sem opcionais, dura umas duas e meia horas. Mas, é claro, justo no dia em que vim estava tudo encoberto de neblina, além de chuva. Mesmo assim valeu cada centavo e segundo investidos.




 





E é claro também que no trem os nossos assentos ficavam de costas para o sentido de deslocamento, tanto na ida quanto na volta. Mas aí demos sorte e na volta, como o trem não estava lotado, conseguimos sentar de frente. Além disso o tempo abriu. Só o trajeto do trem, beirando um rio num vale profundo, é um espetáculo a parte.






Há outras opções para visitar o local. Pode-se ficar em Aguas Calientes, que é uma graça de lugar, e passar mais tempo na visita (há outras opções de vistas, algumas com restrição do número de pessoas/dia, portanto é bom se informar e reservar antes). 


Outra opção ainda é ir de moto, ou carro, e hospedar-se em Ollantaytambo, cidade de onde parte o trem. Mas só vale a pena para quem já conhece Cuzco, que é imperdível.

Amanhã vamos conhecer mais um pouco de Cuzco e ver se consigo fazer o tal SOAT, um seguro para terceiros (do tipo do nosso DPVAT), que agora é obrigatório para veículos estrangeiros trafegar no Peru. Perguntei sobre isso aos policiais na fronteira e eles não sabiam do que tratava. Em Puerto Maldonado tinham ouvido falar, mas disseram que ninguém faz e por ali a polícia não dá bola. Já aqui em Cuzco, onde há vários locais oferecendo o tal seguro, todo mundo conhece. Mas ninguém tem para moto...

Fotos agora serão mais complicadas de fazer, pois a máquina com mais recursos (novinha) hoje caiu duas vezes no chão, e na última a Inha ainda pisou em cima dela... Foi-se a tela de cristal líquido!




02/01/12 - 11o dia – Cuzco


Ontem, na volta de Machu Picchu, conhecemos um guia (Erick Farfan) muito bom. Excelente profissional. Para quem pretende fazer um passeio com qualidade, e sem riscos de embarcar em furadas, o contato dele é http://ericxpeditions.com/
Hoje ficamos em Cuzco o dia todo. De manhã fizemos um tipo de city tour numa réplica de antigos bondes que trafegavam em Cuzco. Sai da praça principal e o trajeto dura 1 hora e meia. 




Depois disso fui atrás de fazer o tal SOAT (seguro obrigatório). Tive que ir de táxi até um endereço fora do centro, numa seguradora chamada La Positiva. Pelo jeito é o único lugar que faz o seguro para motos. Saiu por 35 dólares e recebi um selo que colei no tanque da moto. Para quem precisar o endereço é: 
Lote 04, Manzana G.  Urbanización Magisterio, Segunda Etapa, Cusco, Fone: (084)224931 e funciona de 2a a 6a, das 8:30 a 13:00 e 15:00 a 18:00.





Almoçamos um caldo de galinha, outra comida bem típica daqui, num restaurante bem popular, seguindo a indicação do motorista de táxi que nos trouxe de volta. Não gostei... 
A tarde fomos ao museu Inca e demos uma volta na cidade.




Amanhã bem cedo sairemos em direção à Nazca. São uns 650 km e planejava fazer em um dia. Lendo em alguns blogs (http://www.diariodemotocicleta.com.br/ e http://osmarb.blogspot.com/), e pedindo informações por aqui, acho melhor nem tentar. A estrada é quase toda subindo e descendo a cordilheira. Não dá para desenvolver velocidade. Por sorte o motorista da Van que nos levou à Matchu Picchu deu a dica de um hotel bem legal no meio do caminho (http://www.hoteltampumayu.com/esp/index.html). Ficaremos por lá amanhã e na 4a iremos até Nazca. Não sei  haverá internet lá, mas assim que possível escrevo novamente. Fotos são poucas por conta da máquina quebrada.



03 e 04/01/12 - 12º e 13º dias – Cuzco a Nazca – 650 km, 5.020 até agora.
1º dia:
Conforme previsto não tivemos internet ontem. Saímos as 7 e meia de Cuzco e depois de 6 horas chegamos no hotel Tampumayu, distante apenas 290 km de Cuzco. De fato a estrada é puro zigue-zague.





Primeiro descemos bastante, subimos e novamente descemos até Abancay. Nesse trecho pegamos uma bela neblina.



Logo depois paramos para abastecer e tomar uma sopa.

Depois disso, mais uns 100 km e chegamos ao hotel, que é mesmo bem legal e uma ótima opção de parada nesse trecho. Só que se chegar muito cedo, como foi o nosso caso, não há muito que fazer e os quartos não têm aparelho de TV. Aproveitei para dar um trato na moto: lavagem e lubrificação da corrente (tenho feito isso todos os dias).





O relevo é típico da Cordilheira dos Andes: um grande vale com um rio de corredeiras ao fundo.





Mas nessa latitude há muito mais vegetação do que nos outros lugares por onde eu já passei por ela. E a mudança do tipo de vegetação também é notável, à medida que andamos em direção ao Pacífico. No começo mais densa, com muita agricultura. Depois vai raleando.



Outra diferença é que é bastante habitada, em toda a sua extensão.

E a estrada passa por dentro de toda e qualquer cidade.



Alguns trechos que estão em obras (ou deveriam), nem asfalto têm mais.

Animais na pista são uma constante, só que muito mais tranquilos... Não saem da frente nem com buzinadas. Se quiser, você é que desvie...





2º dia:
No hotel pagamos 80 dólares da estadia, mais 85 nuevos soles de um jantar com 2 bons pratos e 2 taças de vinho. Achei bem honesto.
Saímos 8 da manhã e andamos margeando o rio por uns 80 km. Daí subimos a cordilheira, andamos bastante sobre ela, descemos até a cidade de Puquio (uns 200 km do hotel), subimos novamente, mais um bom trecho sobre a cordilheira e descemos de novo até Nazca. Isso tudo, com uma parada para abastecimento e duas para fotos e descanso, levou umas 6 horas e meia. Ou seja, de Cuzco a Nazca demora-se de 12 a 13 horas, exatamente como nos haviam dito. Aqui no Peru é muito comum referirem-se ao tempo, e não a distância, entre as cidades.
Mas vamos a mais detalhes do trecho: em primeiro lugar a vegetação vai cada vez mais rareando, até sumir de vez.







Depois a seqüência de zigue-zagues: infinita!







Um vídeo do trecho para ilustrar:

video
Será que tinha animais na pista?



A paisagem é maravilhosamente estonteante.















Quando andamos os trechos sobre a cordilheira em boa parte são retas planas, onde se pode desenvolver boa velocidade. O senão é o frio...



Só pegamos chuva, E A NEBLINA MAIS FECHADA QUE JÁ VI, na descida antes de Nazca. Só não parei porque não conseguia nem ver onde parar. Esse pedaço deu mesmo muito medo!





Em Nasca estamos no hotel Don Agucho, Av. San Carlos 100. 100 nuevos soles o casal. Fraquinho, mas barato. Wifi, garagem e café da manhã incluídos. Tem uma turma de motociclistas bolivianos aqui também. 




Amanhã cedo vamos fazer o passeio de avião para ver as linhas de Nazca, por 150 dólares cada!!! Um roubo! Isso já custou 60 dólares. Estão deixando de explorar o turismo para explorar o turista.
Assim que terminarmos o passeio vamos para Lima. 



05/01/12 - 14º dia – Nazca a Lima – 450 km, 5.470 até agora.

Acreditem ou não, hoje amanheceu chovendo em Nazca. O detalhe é que o lugar fica num deserto e NUNCA CHOVE!!!! Deve ser uma nuvenzinha negra que parece sempre me perseguir, tal a quantidade de fatos inusitados que só acontecem comigo.



Mesmo assim fomos ao aeroporto e o passeio acabou acontecendo. Voamos num avião bem velho (cesna centurion), mas eu até prefiro, pois se voam há tanto tempo e não caíram até hoje... a chance é pequena. Deu sim para ver todas as linhas mas, no fundo, eu esperava algo mais grandioso, que fossem maiores, sei lá. Talvez seja o efeito da altura de vôo do avião. Já fotos não ficam boas mesmo. Pelo menos todas as que já vi e as que tiramos não fazem jus ao que se vê. Não que o que se vê seja uma maravilha... O que quero dizer é que, comparativamente, eu não voltaria a Nazca, mas voltaria mais de uma vez a Machu Picchu.









Quem estiver mesmo afim de fazer esse passeio deve ir direto ao aeroporto e negociar lá. Sai bem mais em conta. Depois do vôo voltamos ao hotel, arrumamos nossas coisas e saímos 11 da manhã. 


A estrada é plana e reta, com exceção de uns poucos sobe e desce e ziguezagues, mas nada comparado à ontem.


A paisagem é desértica, a não ser em alguns vales de
'rios eventuais', que devem ocorrer muito de vez em quando. Nesses locais há bastante agricultura, milho, batata, pimentão, frutas, frutas, frutas, mandioca, algodão, etc. Tudo irrigado, tanto que há várias placas advertindo quanto a proibição de perfurar novos poços. A água deve estar acabando...







Quando nos aproximamos do Pacífico começam a aparecer as áreas de produção avícola. Aos montes.


O interessante é que há muitas grandes empresas agrícolas que parecem ir muito bem, obrigado. Já os seus trabalhadores moram bem mal... Parece um país que conheço...



Paramos para almoçar em Ica. Comemos pato, acompanhado, entre outros, de uma jarra de bem mais de um litro de chicha morada, bebida a base de um milho escuro, típico da cordilheira, e que estava morna, para não ser injusto, mesmo com gelo. Tomei quase tudo sozinho. Não deu nem meia hora a barriga começou a dar sinais de cólica e, no Peru, não há postos de combustível ou lanchonetes com banheiros limpos em profusão... Ai, ai, como sofri até achar um, já perto de Lima. 
Depois de Pisco começa uma pista dupla na beira do oceano. Muito boa, mas mal você põe as rodas nela, lá vem um pedágio.


Aliás, passamos por vários pedágios de Cuzco para cá, mas em nenhum moto paga. Outra coisa: raríssimas são as motos nas estradas (fora as do tipo CG, no interior). A maioria das poucas que encontramos eram de fora do Peru.
A entrada de Lima é como a periferia de qualquer grande cidade Latino  Americana.


Estamos no hotel San Agustin Colonial (da mesma rede do que ficamos em Cuzco), em Miraflores, bairro 'chic' de Lima. O preço (75 dólares) é menor do que o de Cuzco, mas as instalações são inferiores também. Amanhã cedo levo a moto trocar o óleo na revenda autorizada. Ficamos aqui até Domingo, quando a Inha pega o voo de volta e eu começo a fase 'solo' da viagem. Para aonde e até quando não sei ainda. Antes de sairmos daqui escrevo de novo contando o que achamos de Lima.




06 e 07/01/12 - 15º e 16º dias - Lima, 5.470 km até agora.
Em Lima ficamos dois dias. No primeiro, logo cedo, levei a moto na revenda autorizada para troca de óleo. 250 reais por uma troca de óleo, não é exatamente uma pechincha, ainda mais sem substituição do filtro. Mas lavaram a moto, lubrificaram e esticaram a corrente, calibraram os pneus, etc. Também fiquei sabendo que o pessoal da revenda em Curitiba, onde fiz a revisão anterior, deixou o bujão de drenagem sem o anel de vedação... pisada na bola, hein StarNews?




Da revenda fomos de taxi encontrar a nossa amiga Camila (aquela que conhecemos em Cuzco), e que foi nossa guia neste dia, e conhecer um bairro boêmio chamado Barranco. 








A tarde fizemos um city-tour pelos principais pontos de Lima, incluindo uma visita às catacumbas da igreja de São Francisco. Era osso para cachorro nenhum por defeito...












Peguei a moto no fim da tarde, deixei de volta no hotel, e encontrei as 'meninas' no parque del amor, onde vimos o deslumbrante por do sol no Pacífico.






Jantamos seviche e sudado de peixe no, caro mas muito bom, restaurante Pescados Capitales (http://www.pescadoscapitales.com/). Depois fomos ver as fontes no parque das águas.




No 2o dia ficamos só pelo centro comercial  e histórico, almoço inclusive. Comprinhas básicas de 'regalos' e etc., aproveitando que agora não temos mais problemas de espaço, já que a Inha volta de avião amanhã. Até uma mochila teve que ser comprada... Jantamos por perto do hotel mesmo.




Lima me surpreendeu. Esperava uma cidade feia, pobre, suja, etc. Nada disso. É relativamente moderna, segura, praças limpíssimas com jardins muito bem cuidados, prédios históricos grandiosos e bem preservados, etc. Tudo bem que ficamos só por Miraflores (bairro chic) e centro da cidade. Outra coisa que adorei em Lima foi a brisa fria que vem do Pacífico no fim da tarde. D E L I C I O S A!!!




O trânsito é, digamos, 'característico'. Todo mundo vai entrando, buzinando (e põe buzinando nisso), mas flui. Apesar do que parece loucura não se vê acidentes. 
Amanhã começo a volta, parte 'solo' da viagem. Como já escrevi antes, tenho até 3 semanas para chegar em casa e nenhum roteiro definido. Por enquanto vou para Arequipa, ver o canyon do rio Colca, por sugestão da Camila e do José Luiz, meu mais novo amigo conseguido através deste blog. Não chego lá amanhã, já que saio daqui na hora do almoço e são mais de mil km.




08/01/12 - 17º dia, de Lima a Nazca, 450 km, 5.920 até agora.


Fui acompanhar a Inha ao aeroporto e quebrei a cara, pois só entram passageiros. Não parecia haver um controle rigoroso, mas preferimos não arriscar. Voltei no mesmo táxi para o hotel e saí de Lima umas 10 e meia em direção à Nazca, onde dormirei hoje. 

A estrada estava lotada. Todos 'a la playa'! Ao Sul de Lima é que ficam as melhores praias, e pelo jeito é para aonde todo mundo vai no domingão. Se é que se pode chamar de praia um lugar de areia grossa, pedregulhos e água gelada. Mas 'és lo que hay'. 

Mesmo sendo verão e calor, percebe-se a brisa fria do pacífico.  Estava muito bom viajar de moto assim. Por falar em moto, faz tempo que não toco no assunto. É porque não há muito a dizer. Está funcionando muito bem. Não medi mais o consumo quando a Inha subiu na garupa, principalmente aqui no Peru, onde a gasolina é vendida por galões, e não litros. Tenho a impressão que o consumo estava menor e hoje, com a moto vazia e 'magrinha' (os alforges voltaram para casa de avião), pude aferir mais de 26 km/L. 

Apesar do caminho ser o mesmo de uns dias atrás, a paisagem é muito bonita e diferente. Um imenso deserto de areia e pedra, que vai do oceano até a cordilheira. 











É de se espantar que alguém queira viver ali. Tem vários loteamentos de 'terrenos' à venda. E pior é que tem quem compra! E vai morar lá!

Se vê de tudo na estrada...


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Querem fazer umas curvas?

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Chegando em Nazca, parei para ver duas das linhas num mirante. Aí é  que minhas dúvidas aumentaram. Se do avião a coisa não me convenceu, de perto então... A espessura das linhas não deve passar de 50 cm, com pouca profundidade. E com cara de que foi feita 'manutenção' recente... 



Parei no mesmo hotel da ida e jantei no mesmo restaurante. Quem me conhece um pouco mais sabe como 'adoro' música peruana. Não é nada específico, mas o excesso me incomoda. E eles estão literalmente em todos os lugares públicos do mundo! Adivinha o que tinha no restaurante?

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Amanhã vou até Arequipa.



09/01/12 - 18º dia, de Nazca a Arequipa, 560 km, 6.480 até agora.
Para os velejadores tem um ditado que diz: 'o pior dos dias velejando é, ainda assim,  muito melhor do que o melhor dos dias trabalhando'. Deve ser o mesmo para andar de moto. 
Só que hoje foi o melhor dos dias andando de moto... Presente de aniversário.
A estrada de Nazca a Arequipa, começa e termina num deserto, entremeada de verdes vales e vai em boa parte beirando o Pacífico, com sua brisa geladinha. Andando de moto e com ar condicionado...
De um lado as montanhas desérticas, do outro o desfiladeiro e embaixo o oceano verde azulado. O que poderia ser mais bonito do que isso? Se não for o mais o lugar mais belo por onde andei até hoje...
Nem vou escrever mais nada. É só ver as fotos. Valeu o dia...









































Além de tudo, ainda encontrei o pessoal da revenda em Lima, indo ver o rallye Dakar em Tacna e Arequipa. Andei 'escoltado' por eles um tempão.



Já estava com saudades dos animais na pista...



Arequipa é a 2a maior cidade do Peru (deve ter mais de um milhão de habitantes) e está a uns 2.350 metros de altitude e é rodeada por 3 vulcões. 



Aqui estou hospedado no ótimo e barato hostal La Gruta (http://www.lagrutahotel.com/). Peguei uma pechincha pelo site booking.com, saindo 3 noites por 100 dólares.
Amanhã vou fazer um passeio de dois dias pelo vale do Colca e acho que não terei internet.





10 e 11/01/12 - 19º e 20º dias – Arequipa: 6.480 km até agora.

O cânion do Colca tem uns 100 km de extensão e em alguns trechos passa de 4 mil metros de profundidade. Saindo de Arequipa os tours podem ser feitos de 2 maneiras: indo e voltando no mesmo dia (com saída as 2 da manhã) ou indo num dia e voltando no outro. Escolhi o segundo para não sofrer tanto. No trajeto pára-se várias vezes para avistar as características geográficas da região, para se apreciar a forma de condução da agricultura, para entender a história e cultura, etc.





Subimos a 4.910 metros de altitude e vimos um restinho de neve. Considera-se que essa passagem da rodovia é o trecho de estrada asfaltada localizado na maior altitude do mundo. Desta vez tomei cápsulas (sorojchi pills) para não sofrer com o mal da altitude e foi muito bom. Não senti absolutamente nada. Aproveitei para fazer xixi no banheiro mais alto do mundo.




O ponto alto do passeio é observar os condores sobrevoando o cânion, o que fizemos hoje de manhã. Não demos muito sorte e só vimos poucos condores e bem de longe.





No fim das contas acho que daria para fazer isso num só dia e sem sair tão cedo, pois os condores só começam a aparecer quando o ar esquenta e começa a formar correntes ascendentes. Isso acontece no meio da manhã. Dá para ir com o seu próprio carro. De moto, ir e voltar no mesmo dia não é uma boa ideia.

Amanhã o Dakar estará aqui por Arequipa. Ainda não decidi se fico aqui para dar uma olhada ou sigo para Puno. Quando acordar resolvo.




12/01/12 - 21º dia – Arequipa: 6.480 km até agora.

Decidi ficar mais um dia em Arequipa para ver um pouco da cidade, já que até agora só fiz o passeio ao cânion. E também tentar dar uma olhada no Rally Dakar que está passando por aqui hoje. 
Quer dizer... passando por aqui é relativo... Achar que um Rallye vai passar dentro de uma cidade de 1 milhão de habitantes é muita inocência. Lá fui eu atrás de informações sobre o trajeto e não foi fácil achar. As passagens e os acampamentos (pelo que entendi são diferentes para carros, motos, etc.) ficaram a, pelo menos, uns 50 km da cidade. Inocência também é achar que poderia-se assistir alguma coisa de perto. Todos os acessos completamente fechados.
Arrisquei-me por uma 'variante', onde vi muitos carros de espectadores ao longe, e entrei no mais poeirento trecho que já transitei. Além de areia fofa haviam algumas pedrinhas que ajudavam na tração. Foi a sorte. Muita gente encalhada, até 4x4. É claro que encalhei também, mas aí uma moto leve mostra as suas vantagens. Era só apoiar os pés no chão, e levantar a bunda do banco, que ela andava. 



Tá certo que algumas vezes era preciso descer e andar ao lado dela e, na encalhada da foto acima, não precisei de ninguém para me ajudar. Não precisei de ninguém para me ajudar a orientar os dois que me desencalharam, bem entendido. O Peter (da Uel) sofreu deste mesmo mal quando esteve andando por aqui em Outubro.
Depois de andar quilômetros e não conseguir ver quase nada, pois os carros, motos, quadriciclos, etc., passavam tão longe que só se via a poeira, resolvi tentar ver alguma coisa das equipes (inclusive de brasileiros) e aí tive mais sucesso. Mas Rally é assim mesmo, quem já participou sabe que se vê muito pouco. Valeu mais por 'sentir o clima' do Rally.






Depois andei um pouco na cidade, tirei algumas fotos, inclusive do vulcão, e almocei o filé mais duro que já comi. Depois do terceiro dente quebrado desisti...


 





Dizem que se você esteve em Arequipa e não viu o Monastério de Santa Catalina (http://www.santacatalina.org.pe/) e a múmia Juanita (http://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/09/02/ult4466u689.jhtm), então você não esteve aqui... A múmia fica de 'férias' de Janeiro a Maio para estudos, e não fui também ao Monastério. Ou seja, vou ter que voltar.


Amanhã vou até Puno, nas margens do lago Titicaca. Escrevo de novo de lá.




13/01/12 - 22º dia – Arequipa a Puno, 320 km, 6.800 km até agora.


Saí pouco antes das 9 de Arequipa e cheguei em Puno pouco antes das 2, portanto, 5 horas de viagem. Vim bem devagar, curtindo rodar sobre a cordilheira, que eu adoro fazer. 
Nos dias anteriores o clima não colaborou para ver os três vulcões em torno de Arequipa, mas ontem e hoje....





Fiquei com dó da Inha, pois as poucas vezes que passamos perto de vulcões estes estavam encobertos.
A estrada sobe de menos de 2.500 até mais de 4.500 metros, fica nesta altitude por uns 50 km ou mais, depois desce até pouco menos de 4.000 e vai assim até Puno, na beira do lago Titicaca. Alterna trechos de reta com subidas e descidas em curvas. Há muitos picos nevados também.








O tempo estava bom, mas tive que parar para colocar mais roupa de frio e 'vestir' a moto. A minha moto não tem aquecedor de manoplas, então uso um protetor, que ajuda muito no frio e na chuva. É barato (R$ 30,00) e muito útil. Tem para vender na loja do Clube XT (http://loja.forumxt600.com.br/product_info.php?cPath=32&products_id=122)



Apesar do modo 'peruano' de dirigir - só olhando para a frente, ir entrando na frente dos outros, sem usar retrovisor, sem dar seta, parando onde bem entender, buzinando a todo momento, etc. - quase não se vê acidentes, tanto nas cidades quanto nas estradas. Mas hoje vi um. 


Como estava com muita fome, parei para almoçar na beira da estrada. Um menu de 5 Soles (4 reais). Sopa e arroz com pollo (frango). Tinha até um marisco na sopa. Fiquei imaginando de onde veio.... Como ando estranhando a comida daqui, fiquei em dúvida se comia ou não. Já que tenho que perder peso, mandei ver!.



Antes de Puno passa-se por Juliaca, um lugar horroroso, sujo e esburacado.


Aliás, sujeira é comum por todos os lados. Dá do de ver. Joga-se lixo e entulho em qualquer lugar: beira da estrada, calçada, encostas da cordilheira, etc.


De Juliaca até Puno é uma reta e plana.


A entrada de Puno, aliás a cidade inteira, não é das mais 'hermosas'. Vejamos o lago amanhã...



A minha amiga, irmã e colega de trabalho Fátima, e o nosso irmão caçula Zé Eduardo, estão aqui hoje também. No trajeto de Cuzco até aqui, em Juliaca mais exatamente, foram abordados e achacados pela polícia com uma conversa de terem furado o sinal. O policial entrou no carro e levou-os para fora da cidade onde os fez pagarem 50 Soles mais 40 dólares. Pensei que isso acontecesse só na Argentina e no Paraguai.... Peru: bem vindo ao clube da corrupção policial.

Aqui estamos hospedados no Casona Plaza Hotel (http://www.casonaplazahotel.com/hoteles_peru/index.php). É um 4 estrelas (4 estrelas 'peruanas', bem entendido), com garagem próxima grátis, wifi, etc., e bem no centro. A diária ficou por 39 dólares para cada apto., com reserva feita novamente pelo site www.booking.com. Outra pechincha. 
Faremos juntos os passeios de amanhã.



14/01/12 - 23º dia – Puno, 6.800 km até agora.

Confesso que fui para Puno com o 'espírito armado'. Ouvi de várias fontes que, comparado com Copacabana na Bolívia, o lago Titicaca aqui não vale o sacrifício. Bem, na Bolívia desta vez não pretendo mesmo ir... mas não estava tão longe de conhecer o lago, e ainda tinha a oportunidade de encontrar a Fátima e o Zé Eduardo. Além disso, o trajeto de Arequipa até Puno, assim como o de Puno até o Chile (meu próximo destino), transporia a Cordilheira dos Andes várias vezes e fazer isso de moto tem sido a minha diversão predileta.
Puno não é uma cidade grande, tem em grande parte aspecto de 'favelão', como bem descreveu a Camila sugerindo que eu repensasse a ideia de vir para cá, ruas estreitas e calçadas mais ainda. Tem um calçadão e também a 'Plaza de Armas' mais sem graça que vi.



De manhã fizemos o tradicional passeio de barco até as ilhas flutuantes dos Urus que, apesar de hoje ser praticamente apenas para turista ver, não deixa de ser pitoresco. Estando por aqui, sem dúvida, vale a visita.





A tarde fomos até o Mirante do Puma, onde há uma vista bastante ampla do lago.


E a noite, de quebra, ainda vimos uma procissão bem animada.


E a conclusão, qual é? Vale a pena ir à Puno? Se estiver passando por aqui, sem dúvida. Ou então se quiser rodar sobre a cordilheira também. Só para ver o lago acho que não, mas deixo para afirmar quando for vê-lo em Copacabana, na Bolívia.

Amanhã seguiremos (a Fátima e o Zé Eduardo vão de carro) para Ilo, no litoral, quase divisa com o Chile. Fazer o quê lá? Até Iquique, nosso primeiro destino no Chile, é muito longe para fazer em um dia. Apesar de ser um pouco fora da rota, dizem que a estrada que liga Ilo à fronteira vai margeando o Pacífico e é muito bonita. Então é isso...



16/01/12 - 25º dia – Ilo a Iquique, 490 km, 7.660 até agora.

Já estou no Chile e sei que vou pagar o resto da vida pelo que vou escrever agora: gostei do Peru!!! Tive até que pagar uma multa por ficar no país mais do que previ. Quando se entra perguntam quantos dias você vai ficar. Pode-se responder qualquer coisa e eu chutei 15... Fiquei 18. Um dólar por dia de 'atraso'. Pode?
Aliás, uma das coisas que mais me aporrinham em viagens deste tipo é a burocracia das fronteiras. Acho um bom parâmetro para medir o desenvolvimento de um país. Até agora poderia ter circulado tranquilamente com armas, drogas, etc. Mas a papelada...




Saí as 8 da manhã e cheguei as 8 da noite, 'perdendo' duas horas por conta de fuso horário, ou seja, 10 horas de viagem. Descontem daí, pelo menos, umas 3 horas entre fronteira e paradas, incluindo o problema com combustível: passamos por Arica (já no Chile) sem abastecer e, depois de uns 30 km, resolvi consultar o GPS sobre um próximo posto. 250 km adiante!!! Não é possível, pensei. Perguntei à um guarda rodoviário e era isso mesmo. Tive que voltar a Arica para abastecer e garantir a chegada à Iquique. Portanto, futuros viajantes, ENTRE ARICA E IQUIQUE (300 KM) NÃO HÁ POSTO DE COMBUSTÍVEL. PREVINAM-SE!!!

A moto continua ótima, só preciso conferir se não está novamente com um vazamento de óleo no bujão de drenagem do cárter. Estou achando muito sujo de óleo, para ser só a lubrificação da corrente. Amanhã cedo vejo isso. Voltou ao consumo 'normal' (24 a 25 km/L), já que andando por sobre a cordilheira estava fazendo 32 a 33 km?L! Duvidam? Tenho o Zé Eduardo como testemunha em duas abastecidas. Já tinha percebido esse 'fenômeno' na VStrom e não é difícil de entender. Com o ar rarefeito a injeção eletrônica dosa o combustível adequadamente e o milagre da multiplicação dos km/L acontece... O que não consigo entender é como o rendimento cai tão pouco, comparado aos motores carburados.




Apesar de achar que já não seria possível ver mais nada de tão surpreendente assim, o trajeto, mais uma vez, foi de tirar o fôlego. Andamos beirando o oceano, depois por sobre e dentro de vales, planaltos, retas infinitas, paisagens de filmes de ficção científica, etc.













Todos deviam se dar ao direito de andar sobre a cordilheira dos Andes, nem que fosse por uma vez e de carro (já que nem todos encaram moto, né Vanessa?). Anime-se pessoal!! Será inesquecível!! E olha que falo assim apesar de não ser a primeira, nem a segunda vez que faço isso...
Em Iquique, que parece ser considerada um 'must' na costa norte do Chile, mas mais me parece uma mistura de Santos com Puerto Iguazú, sofremos para achar um hotel (Costa Norte, Aníbal Pinto 1150, 58 dólares).



Amanhã, antes de ir para San Pedro de Atacama, vamos dar uma olhada na cidade e ver o que a tal 'Zona Franca' oferece....



17/01/12 - 26o dia - Iquique a San Pedro de Atacama, 500 km, 8.160 até agora.

Iquique não é tão feinho quanto pareceu ontem, quando cheguei. É até arrumadinho, considerando que, além de balneário, é também um porto e centro pesqueiro. Não tem o ‘glamour’ do Guarujá, ou mesmo Camboriu, mas tem lá o seu charme. E ainda tem o ‘Zofri’, uma zona franca onde pode-se comprar produtos importados sem impostos. É um tipo de shopping Center, com lojas de marcas e outras genéricas. Os preços são bons, mas nem tanto como no nosso bom e velho Paraguai.


Por conta de esperarmos a Zofri abrir (11 horas da manhã), pois eu queria comprar outra máquina fotográfica, acabamos saindo bem depois do meio dia e logo depois ainda paramos para comer uns 50 km depois de Iquique. A Fátima (ela e o Zé Eduardo estão juntos comigo ainda) estava batendo forte...


Tivemos que acelerar bem para não viajar a noite e fizemos 450 km em 5 horas. Fomos pelo litoral, por uns 250 km, até Tocopilla onde abasteci. Quando vi a paisagem até pensei: de novo!! Já to ficando de saco cheio dessa beleza toda. Mas não dá para enjoar...





De Tocopilla sobe-se o paredão até o planalto. 


No fim da subida um susto: num cruzamento com linha férrea um caminhão parou na pista. Eu freei forte e parei atrás e o Zé Eduardo até arrastou os pneus para não me ensanduichar no caminhão. Aqui no Chile tem poucas placas de PARE, a maioria é de preferencial (triângulo). Mas quando tem PARE eles param mesmo. Venha ou não carro (ou trem) do outro lado.... Os americanos (pelo menos os do interior) fazem assim também.


Daí para frente é quase tudo reto e plano, com a paisagem a perder de vista.



Até começarmos ver a cordilheira e descer em direção a San Pedro de Atacama. Até a posição do sol estava ajudando na iluminação das fotos...




Já estive aqui ano passado, mas não vi nada ao redor, pois fui fazer o passeio do Salar de Uyuni, na Bolívia. Vou ficar por aqui uns dois dias para conhecer melhor.





18 e 19/01/12 - 27 e 28o dias - San Pedro de Atacama, 8.160 km até agora.

A região de San Pedro de Atacama registra indícios de civilização de até 12.000 anos atrás. Eles têm muita história e, inclusive, impuseram algumas derrotas aos espanhóis, antes de serem ‘colonizados’.
Não falta o que fazer por aqui. São inúmeros passeios e lugares para ver, além da cidade, onde é claro que a Fátima quis ver a igreja – e lá ‘eu vi a luz’ (era o sol entrando por uma janela lateral)



Nós fomos de manhã até as ruínas de Quitor, uma antiga fortaleza do povo atacamenho. Também entramos numa gruta, mas por falta de lanterna não deu para ir mais longe.





A tarde fomos às termas de Puritama, onde não quis passar protetor solar e tomei uma ‘torrada’ daquelas...


No fim da tarde fomos ao vale da lua, o ponto mais tradicional de visita em São Pedro de Atacama. De fato, só ele já vale a vinda aqui. Tem muita coisa para se ver lá, mas o por do sol é impagável.










No vale da lua a sabe-tudo da minha ex-amiga Fátima nos deixou a pé e eu e o Zé Eduardo tivemos que andar um monte, inclusive subir dunas. Foi de matar.
A Fátima e Zé Eduardo foram ontem para Salta, na Argentina, e como havia vaga no hotel (Don Raul, 88 dólares a diária, garagem, wi-fi, café da manhã, Rua Caracoles 130), resolvi ficar mais um dia e ver outras atrações. Acontece que, não sei se devido ao cansaço acumulado, sol em excesso, algo que comi, ou sei lá o que, quase não dormi e acordei muito mal. Ontem passei quase o dia todo de cama, fraco, sem conseguir comer nada além do café da manhã. Só consegui mesmo visitar o museu na parte da manhã. O resto foi cama...
Hoje vou para Purmamarca, já na Argentina, e fico lá duas noites. 



20/01/12 - 29o dia - San Pedro de Atacama a Purmamarca, 415 km, 8.575 até agora

Na saída abasteci e, finalmente, consegui calibrar os pneus, pois até aqui os postos só tinham ar, sem o manômetro. Eu estava achando que os pneus estavam muito cheios, pois a moto pulava bastante em trechos irregulares e patinava muito na areia (aquela encalhada em Arequipa, por exemplo). Tinha pedido para o pessoal da revenda em Lima baixar a pressão dos pneus para uma pessoa só, mas eles fizeram? Claro que não...  Até agora essa moto não me fez mudar duas opiniões: se quiser um serviço bem feito na tua, faça você mesmo; e que moto é Honda.
Não quis sair muito cedo, para evitar muito frio na cordilheira, mas paguei o preço na imigração/aduana chilena, logo na saída da cidade. Logo cedo começam a chegar muitos ônibus, vindo do Peru e da Bolívia, e que passam por aqui. Mais de uma hora na fila... Há tanto movimento aqui e a estrutura é tão ‘tímida’, em comparação a outras fronteiras do Chile... vai entender...


Na saída, à esquerda da pista, há um campo minado... não tinha reparado nele antes.




160 km depois é a imigração/aduana Argentina. Estrutura bem maior e trâmite rápido. Logo depois há um posto e parei para abastecer de novo. Tentei encher uma garrafa de coca-cola de 3 litros (para prevenir eventual falta na Argentina), mas o atendente disse que só galões de 5 litros. 
O trajeto até Purmamarca, já na Argentina, é velho conhecido. Passamos (com o Toni, Ju, Zé Mauro, Suzana e prole) por aqui faz um ano, mas a paisagem continua sendo linda, com seus vulcões, lagunas (que parecem mais ‘secas’ este ano), salares, curvas e cores.









Aqui em Purmamarca (Hotel Casa de Piedra, Pantaleón Cruz No 6, wi-fi, café da manhã, garagem, cama enooorrrmmeee, 90 dólares a diária) vou ficar até amanhã, para colocar a ‘correspondência em dia’.





21/01/12 - 30º dia – Purmamarca – 8.575 km até agora.

Purmamarca, no 'pé da cordilheira', é uma cidadezinha charmosa e point de mochileiros. 




É turística, sem dúvida, mas principalmente de argentinos. Poucos são os estrangeiros aqui. Foi a cidade em que me senti mais ‘estranhado’ até agora.
Muitos terrenos e quintais transformam-se em campings, há quartos em casas de família para alugar, pousadas e até hotéis muito bons. Mas tudo é, propositadamente, muito rústico e típico da região.
O fervo é na Plaza de Armas, onde rola uma muvuca cultural o tempo todo. Vários artistas se apresentam e o povo todo assiste, participa e aplaude. É muito legal. 





À noite, em praticamente todos os restaurantes, há música ao vivo. E música boa. Não ouvi uma vez sequer Michel Telló.
Os morros coloridos,destacando o Cerro de Siete Colores, na volta toda da cidade dão o toque ao lugar.



Daqui saem passeios ao salar (aquele que passei ontem) e para a quebrada de Humauaca, onde fica outro point: Tilcara. Essa sim, bem mais cosmopolita.
Depois que fiquei meio mal em San Pedro de Atacama, hoje é o terceiro dia que só estava com o café da manhã no estômago. Então arrisquei comer algo além: tamales. Um tipo de pamonha redonda recheada com algo parecido com carne moída desfiada. Conhecemos isso ano passado em Salta. Muito bom. Depois de dois tamales mandei para dentro também uma torta de chocolate e doce de leite. Doce, doce, mais tão doce.... que vejamos como vai ser a noite.






22/01/12 - 31º dia – de Purmamarca a Presidencia Roque Saens Pena – 750 km, 9.325 até agora.

Brinquei que os tamales e a torta doce (mas doce, tão doce...) iam afetar a minha noite e não deu outra! Estômago, intestino, boca rachada, dor de cabeça e no corpo...  to ficando velho para isso...
Resolvi antecipar a volta. Vou tocar direto por Foz do Iguaçu e chegar em casa logo. Não deu para sair muito cedo, pois esperei o meu organismo ‘estabilizar-se’ antes. Mesmo assim a viagem rendeu e quase atravessei o Chaco, faltando 170 km até Resistencia.
A paisagem também já é conhecida do ano passado, começando na quebrada de Humauaca,



descendo o vale e vendo a vegetação reaparecer (estava com saudades de verde),




aí o tempo começou a fechar e caiu um toró (também estava com saudades de chuva),




Quando começa o Chaco aparece de novo a agricultura em grande escala.


As retonas alternam asfalto bom com partes onduladas, esburacadas e remendadas. Está bem pior do que no ano passado.




A Argentina, especialmente os extremos norte e sul, é famosa por não dar conta de manter os postos de combustíveis abastecidos. E não deu outra. Foi um tal de ‘no hay nafta’ e filas para abastecer...


Mas dei sorte (até consegui encher com gasolina a minha garrafa de coca-cola de 3 litros) e sofri pouco com isso hoje.
Na estrada, desde que saí de San Pedro de Atacama, foi comum acompanhar ônibus/caminhões de apoio de equipes que participaram do Rally Dakar, voltando para as suas origens.


Também começaram a aparecer as homenagens ao ‘Gauchito Gil’, um ‘santo popular’ na Argentina (http://clickeaprenda.uol.com.br/mostraConteudo.action?nivel=F2&disc=NOT&codpag=NOT0901050501). Já estou até ficando devoto dele.
                                                                                

Em Presidencia Roque Saens Pena, onde ano passado não conseguimos informações de hospedagem, estou no hotel Gualok (Calle San Martin 1.198, novinho, 4 estrelas, 230 pesos, café da manhã, garagem, wifi, etc.). Amanhã, se tudo correr bem, durmo em Foz do Iguaçu ou por lá perto. Encomendas?






23/01/12 - 32º dia – de Presidencia Roque Saens Pena a Foz do Iguaçu – 810 km, 10.135 até agora.


Como eu não havia melhorado (era o 4º dia), e com assessoria internacional (Gaby, amiga da Sonia, mora em Buenos Aires e é mãe de 3, portanto, autoridade no assunto), passei numa farmácia para me medicar e saí lá pelas 9, já com um calor infernal. Em Presidencia Roque Saens Peña, Resistencia e Corrientes as motos devem andar pelas ‘coletoras' (marginais). A maioria não obedece, mas as motos ‘internacionales’ são uma presa fácil para a polícia, especialmente a de Corrientes, já há muito conhecida dos motociclistas brasileiros (ano passado tentaram nos dar uma mordida lá).


Por essa estrada também passamos no ano passado. Até Resistencia/Corrientes é a paisagem característica da Chaco, e depois vai margeando o Rio Paraná. Bastante plano, com agricultura (soja, arroz), pecuária, erva mate e reflorestamento. 


Mais próximo da fronteira com o Brasil o relevo começa a ondular.


Toquei direto, parando pouco e só para abastecer, onde, é claro, enfrentei alguns 'no hay nafta' e filas.


Um pouco antes da fronteira parei para usar a gasolina de reserva que carregava desde Purmamarca. Ontem e hoje, andando a 120 km/h no velocímetro e com a gasolina argentina (sem álcool) a moto está fazendo em torno de 20 km/L. Nessa condição a VStrom fazia pouco mais do que 11...


E também dar o último gole num refrigerante argentino (SER, sabor citrus), que eu adoro. Pena que não tem no Brasil.


Na fronteira a passagem foi rápida, apesar de pouca gente atendendo.



Cheguei lá pelas 7 da noite (800 km em 10 horas, até que rendeu...). 
Em Foz foi difícil achar vaga em hotel, apesar de ser 2a-feira. Fiquei no Baviera (fedido, ruim e caro, como quase todos em Foz), estrategicamente localizado entre o McDonald’s e a Pizza Hut, onde jantei com o Zé Eduardo e a Fátima, que também chegaram por aqui. Vamos ver se o remédio fez efeito. Amanhã chego em casa.




24/01/12 - 33º dia – de Foz do Iguaçu a Londrina – 515 km, 10.650 no total.

Parece que o remédio argentino foi bom mesmo. Dormi bastante, arrumei tudo e saí sem pressa (mais de 10 e meia da manhã). Pancadas de chuva, desde a saída até perto de casa, por isso as poucas fotos de hoje. Tinha horas que a chuva era tão forte que os pingos chegavam a arder na pele. E olha que a roupa de cordura é grossa...
Ao lado do parque Iguaçu, que vai até perto de Cascavel, planta-se soja entre a pista e os seus limites. Fico na dúvida se essa terra tem dono, ou se alguém a usa por conta, mas será mesmo que é necessário fazer isso?


Na maior parte do caminho o que se vê é soja, soja, soja, soja, milho, soja, soja, soja, cana, soja, soja, soja.... A maioria em ponto de colheita.


Chegando, foi muito bom ver de novo a silhueta de Londrina.


E a recepção. Esperava mais. Fez festa uns poucos instantes e logo saiu para a rua.


Tirando a águas das meias, que estavam dentro das botas ‘impermeáveis’.


Foram 33 dias, mais de 10.500 km, Brasil de sul a norte, 3 outros países, subir e descer a cordilheira dos Andes uma meia dúzia de vezes, calor, frio, chuva, vento, sol, gelo, quase 5.000 m de altitude, floresta amazônica, desertos, oceano pacífico, etc.
Mais uma vez agradeço a ‘audiência’ e a companhia de todos(as) vocês e até uma próxima (já estou fazendo planos, mas aceito sugestões..).
Abreijos (abraços + beijos)


17 comentários:

  1. Cara vc é d+ sua viagem foi incrível, espero um dia fazer uma viagem como vc fez... Sou de Vilhena encontrei esse blog por acaso e gostei muito espero ver mais viagens suas.

    Lucas Renan Antunes Fernandes 15Anos

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    1. Valeu Lucas, obrigado pela 'audiência'. Torço para que faça mesmo e logo muitas viagens de moto. Abração e felicidades. Otavio

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  2. Boa noite,
    bah, sem palavras, muito bacana mesmo o seu passeio...garanto que é inesqueceivel,assim que eu puder tambem farei, mas nao sei se será o mesmo por varios motivos $$ hehheheh, mas realmente sensacional....
    e obrigado por compartilhar essas informaçoes e imagens para nos que nao conhecemos tais lugares..
    Grande abraço e felicidades...

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    1. Obrigado pelas gentis palavras Alexandre. Um forte abraço, felicidades e boas viagens de moto!
      Otavio

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  3. Realmente sem palavras para descrever...
    muito bacana o passeio, sensacional...
    Abraços es tudo de bom.

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  4. Bom dia!
    Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pela aventura. Uma Viagem dessas é inesquecível... Eu e um primo temos planejado viajar por um trajeto parecido e temos lido vários relatos. Se não se importar, gostaria de esclarecer umas dúvidas: como vocês fizeram a logística do dinheiro? Usaram cartões? Quais? Levaram quanto de dinheiro em espécie? Era fácil usar cartões? O custo total saiu mais ou menos como planejado?
    Desde já, agradeço a atenção!

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    1. Bom dia e muito obrigado pelo comentário. Não uso muito cartões para pagamentos, pois tenho receio de o nosso câmbio (real x dólar) variar muito entre o gasto e o pagamento. Já tive algumas experiências ruins com isso. Nas últimas viagens que tenho feito (fiz outra para San Pedro de Atacama neste fim de ano, só que de carro) tenho percebido que é mais vantajoso trocar reais pela moeda local, ao invés de dólares. Eles preferem e o câmbio é mais vantajoso. Não tive problemas com estouro dos orçamentos, mas confesso que sou meio 'exagerado' no planejamento. Portanto, sempre acaba sobrando algum dinheiro. Cartões (internacionais, visa ou master) são aceitos em cidades maiores, sem grandes problemas. Mas nas cidades menores e nas estradas não é comum aceitarem cartões. Na Argentina é mais difícil aceitarem cartões, mesmo em cidades grandes. E, em muitos casos, eles cobram a mais quando o pagamento é com cartões. Já no Chile, em praticamente todos os lugares os cartões são aceitos. Se fosse hoje eu levaria só um pouco de dólares, por garantia. A maior parte eu levaria em reais para fazer câmbio, e cartões de crédito para pagamentos maiores (hotéis, etc.). Outra coisa importante é sair com a moto (ou carro) totalmente revisada, com tudo novo (pastilhas de freio, filtros, óleo trocado, transmissão, pneus, etc., para evitar gastos inesperados. Também um seguro saúde é desejável. Alguns cartões de crédito oferecem isso, como cortesia. Espero ter ajudado. Qualquer outra dúvida é só entrar em contato. Abraço e boa viagem.

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  5. Opa, Otávio!
    Obrigado pelas informações! Vão ajudar bastante. Tenho planejado em levar alguns dólares (ou reais) como reserva e uma quantia maior, distribuída entre as várias moedas dos países pelos quais vamos passar. Penso em já realizar o câmbio antes para não precisar fazê-lo nas fronteiras, a fim de evitar a desvaloriazação.

    Mais uma vez, fico grato pela ajuda!
    Quando voltar, pretendo fazer o relato da viagem e, depois, lhe informo.

    Kallás

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  6. Kallás: fazer um pouco de câmbio da moeda do primeiro país que você vai entrar pode ser uma boa, mas será onde vai perder mais dinheiro. A diferença é absurda. Na fronteira é melhor, sem dúvida. E quanto maior a cidade melhor ainda o câmbio. Aguardo o teu relato. Abraço. Otavio

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  7. Oi Otavio, muito legal seu blog, estou fazendo no final do ano um trecho bem parecido, vou sozinho na minha XT600, te add no Facebook, posso contar com sua ajuda?

    eu vou fazer esse caminho de Cusco até o Acre no senti contrario que o seu, gostaria de te fazer 3 perguntas,
    Nesse trecho que vc fez:

    Autonomia, minha moto não chega a 300KM, numa boa?
    Todas as pontes ja estão prontas de Cusco até o Brasil?
    Algum perigo especifico quanto a segurança?

    Obrigado meu amigo!

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    1. Olá amigo! Será um prazer colaborar no que for possível. Sobre suas perguntas:
      - Sem problemas quanto a autonomia, mas na altitude é possível que tenha problemas com o consumo(a tua moto é carburada, né?). O macete é não tentar compensar a falta de potência virando mais o acelerador, e sim usar uma marcha mais reduzida. Também não conte sempre com postos de combustível como os daqui. São bem mais acanhados e às vezes você só acha gasolina vendida em galão (caneco de quase 4 litros), em locais chamados de 'Grifo'. Não deixe a gasolina chegar muito no fim. Quando der meio tanque abasteça. Sempre.
      - A única ponte que ainda não existe é em Rondônia, mas há um bom serviço de balsa.
      - Não me senti mais inseguro do que no Brasil. Os cuidados devem ser os mesmos que daqui.
      Te desejo uma grande aventura!!
      Abração

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  8. amigo muito bom teu site! estou saíndo de Brasília e rodando mais ou menos o que vc fez, mas vamos depois de puno/copacabana entrar pra Bolivia em direção a Sabaya


    parabéns, se precisar em Brasília estamos as órdens!

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  9. Obrigado pelo comentário e aproveite bem o passeio Gustavo. Se for escrever alguma coisa (blog, facebook, etc.) me avise.
    Abração e felicidades

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  10. Boa tarde Otavio

    Primeiramente, parabéns pela incrível viagem, uma aventura e tanto. Sou de Cacoal/RO. Vou fazer uma viagem pelo Peru no fim do ano junto com minha esposa e mais três amigos, iremos sair dia 26 de dezembro e vamos a machu picchu, Nazca e Lima, gostaria de esclarecer algumas dúvidas. 1º Na divisa entre os dois países, é necessário apresentar passaporte? por se um país do mercosul não seria necessário, mas relatos de alguns motociclistas dizem que entraram no país sem problemas e outros já disseram que foi necessário. O documento da moto é necessário estar em seu nome? 2º O combustível, é realmente difícil de encontrar? 3º Em Cuzco, qual o estacionamento que vc deixou a moto e o valor pago. 4º Qual o valor para ir de Cuzco até machu picchu? E o valor em média que foi gasto por vc com combustível e hospedagem.

    Se possível puder me ajudar serei muito grato.
    Valeu, abraço.

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    1. Olá Jabis, obrigado por seu comentário. O meu RG tem quase 40 anos, então eu viajo só com o passaporte. Pelo que sei o RG é sim aceito, desde que esteja em boas condições e seja recente (10 anos ou menos, mas o mais importante é que na foto você seja reconhecível). Se me permite uma sugestão, faça o passaporte. Daí não tem erro!
      Se o documento da moto não estiver em seu nome, ou a moto for financiada, você terá que ter uma autorização do proprietário/agente financeiro. O problema é que cada país tem uma exigência específica para essa autorização. Em alguns casos tem que haver até o reconhecimento da embaixada do país aqui no Brasil. É um saco.
      Não tive dificuldade em encontrar combustível, mas quanto mais no interior, menos postos (como conhecemos aqui) existem. Em alguns lugares a gasolina é vendida em galões (quase 4 litros), retirados de um tambor daquele de 200 litros. São os chamados 'Grifos'. A minha moto tem autonomia de uns 300 a 400 km. Se a tua for muito menor do que isso, seria uma boa ideia levar um galão de reserva.
      Sobre o estacionamento vou ficar te devendo as informações. Não lembro dos preços, mas não é nada muito diferente dos praticados por aqui. Lembro da localização, mas não exata. Ficava umas duas ou três ruas atrás do hotel, na mesma direção. Olhando no mapa acho que fica na rua Tullumayo, entre Cabracancha e Zetas.
      O passeio de Cuzco a Machu Picchu ficou em uns 200 dólares cada.
      O preço do combustível é mais ou menos o mesmo daqui. Dos hotéis também. Aliás, tudo no Peru tem mais ou menos o mesmo custo do que aqui. Como minha mulher teve poucos dias de férias, nos dias em que ela esteve junto comigo 'caprichei' um pouco mais nos hotéis, gastando entre 80 e 120 dólares a diária.
      Te desejo uma ótima e emocionante viagem. Vá sim e, quando voltar, nunca mais deixará de querer fazer isso!!
      Um abraço.
      Otavio

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    2. Valeu pelas informações Otavio, quase tudo certo pra nossa viagem. Vamos dar entrada no passaporte, porque é melhor ter ele em mãos e seguir numa boa do que dar algum problema e tiver que voltar pra trás. Só estou na dúvida pela moto, acho que vou tirar uma zera, estou entre a XRE300 ou uma teneré 250, acho que qualquer uma da pro gasto, já que no momento num aguento uma moto maior. Só me responde uma coisa, as luvas de borracha foram realmente aprovadas? Já me disseram que o vento é frio demais....
      Abraço.

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  11. Oi Jabis, desculpe a demora em responder. Se fosse você compraria a Teneré. Tive uma XRE 300 e sofri muito. Fiquei com ela 6 meses e a moto não saia da oficina. Difícil de pegar (chegava a descarregar a bateria de tanto tentar dar a partida) e, do nada, 'apagava' quando estava andando com ela. Não cai por pura sorte. Dê uma boa pesquisada na opinião de donos dela (http://bestcars.uol.com.br/tm/xre300.htm)e da Teneré (http://bestcars.uol.com.br/tm/tenere250.htm).
    Sobre a luva de borracha, de fato foi muito boa PARA A CHUVA. No frio, além de luvas próprias para essa temperatura eu usei uma proteção para as manoplas. Veja mais acima as fotos do dia 13/01/12 - 22º dia – Arequipa a Puno.
    Abração.

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